Tenho a minha forma de ser solidário. Umas, já aqui partilhei. Outras, não faço a mínima questão de o fazer.
Conheço inúmeras pessoas que colaboraram com o Banco Alimentar durante este fim de semana. Seja como voluntários ou com um pequeno acto de solidariedade.
Eu não o fiz. E cheguei a ouvir esta pérola...
- Que nunca esteja na posição de quem precisa. Talvez se arrependa de não ter sido solidário quando devia.
A resposta saiu disparada, foi tirar a pistola do coldre e premir gatilho.
- Que nunca seja julgada baseada somente na recusa de um saco. Pode ser a pessoa mais solidária do mundo e ser tida como uma velhaca amarga.
Sou a pessoa que se entender assim, digo não. E não aquela que acede à entrega do dito saco e o descarta 5 segundos depois no interior da grande superfície.
Shoot me... A minha consciência solidária está tranquila.
Nunca é agradável quando vemos algumas das pessoas que nos são importantes passarem fases menos boas na vida. A não ser que sejamos absolutos sádicos e o nosso divertimento favorito seja ver as pessoas na lama, o que não é o meu caso. Posso ser distante, mas não insensível.
Nas últimas horas, tenho feito uso de uma metáfora que no meu entender, dá resposta à questão que mais me tem sido colocada.
"O que é que eu fiz de errado?"
Não existe uma resposta 100% conclusiva para essa questão. Primeiro, porque existem milhares de contextos diferentes onde a mesma pode ser inserida, o que leva a milhares de respostas possíveis. Mas do ponto de vista de amizade, existe um cenário mais ou menos comum.
A amizade é muito gira. Catita, até. As pessoas entram na nossa vida através de uma porta giratória, qual hotel de 5 estrelas em regime de pensão completa. Desfruta do melhor que ali temos, no questions asked. Até que um dia se passa da mona, dá uma de Justin Bieber e decide destruir cada metro quadrado da suite onde confortavelmente está instalado. Ora, isso não é bonito... Depois quando chamados à atenção, decidem dar uma de diva e bater o pé.
Bem, da última vez que vi, seja o Sheraton ou a Pensão Estrelinha, se se faz m*rda, a porta é a serventia da casa. O conceito de amizade não está assim tão longe dessa realidade e foi isso que dei a conhecer enquanto opinião.
A amizade é uma porta giratória, dá acesso a um mundo que negamos a outros tantos. Proporcionamos o melhor de nós aos privilegiados que lá permanecem mas de forma alguma é uma prisão. Da mesma forma que as pessoas entram, também saem. Seja de livre vontade ou através de convite.
Todas as pessoas estão sujeitas a pisar na bola. Faz parte da condição humana. Sim, eu sei que há humanos para os quais isto é um conceito novo mas trust me, vocês irão pisar na bola. Big time. E nesse dia, essas pessoas irão perceber o porquê da expressão "estás muito longe de ser a última Oreo do pacote".
A amizade não é uma prisão. Também não é exactamente um pacote de bolachas. Bem, talvez as coloridas sejam, mas isso já deixo ao critério das vossas mentes pérfidas. Resumindo e concluindo, alguém que sai por vontade própria pela porta que é a amizade faz apenas isso. Sai. Não é o fim do mundo. Porque amanhã é outro dia. O mundo embora algo cinzento, não acabou.
A vida não é apenas o arco irís. Ocasionalmente é fogo e cinzas. Para que daí, possamos renascer, qual fénix. Mais fortes e mais conscientes da realidade das coisas.
Li algures que agora ser metrossexual é old school.
O que está no auge é ser lumberssexual.
E o que é isso?
Exactamente... Não faço ideia e pessoalmente, a minha ignorância nesse assunto não contribui particularmente para a minha infelicidade. Mas ok, visto que este blog até tem algum carácter informativo ocasional, fui-me informar sobre que raio é esta nova nuance masculina.
Ao que parece são lenhadores urbanos, possuidores de barbas fartas, 0% de creme hidratante no trombil e 100% de grau de despreocupação com o seu aspecto.
Portanto, um dia destes iremos afirmar que já não existem heterossexuais, dado o número absurdo de alíneas que a mesma categoria engloba.
Aguardo com alguma expectativa a chegada da griffe Arrumadorossexual e o Meninoquesevestepipimaséamamãquepagaaroupassexual.
Estamos mesmo a bater no fundo do poço do ridículo.
Julgava já ter ouvido tudo o que os call centers me podiam atirar. Mas não.
- Bom dia. Seria possível falar com o senhor Gato Pardo?
- Depende. Aguarda 20 minutos para que ele acorde do estado vegetativo em que se encontra e vá beber café?
- Hã...suponho então que é o senhor...
- De momento não mas daqui por 20 minutos posso ser...depende da quantidade e velocidade a que a cafeína entra na corrente sanguínea!
- Ok. O meu nome é fulana beltrana da empresa XPTO e queria apenas informar-lhe que o senhor acabou de ganhar um magnífico prémio!!!
- Yey... (isto dito com o entusiasmo de um adolescente que descobriu pelo seu médico que contraiu gonorreia e que decidiu dar a notícia na sala de espera do consultório que só por acaso estava repleta de gente. Ok, you get the picture...)
- Quer saber do que se trata?
- Se eu disser não, posso ir beber café e fingir que toda esta chamada não passou de um pesadelo???
- O senhor ganhou um par de magníficas almofadas visco elásticas!!!
- Uau (isto dito com o entusiasmo dum surto de herpes que entra pelas beiças e faz da tromba de um gajo um autêntico Vietname)...
- Não parece muito satisfeito...
- Não, estou extasiado. Mal consigo conter a minha satisfação.
- Para receber a sua oferta, basta pagar os portes de envio...
- Não me parece. Os únicos portes que paguei na vida foi a licença de porte de arma.
- Então mas não quer dormir mais tranquilo?
- Eu durmo tranquilo. Encostar a minha cabeça em algo que tem visco no seu nome é que talvez me tirasse o sono...
- Portanto, suponho que não lhe interessa a nossa oferta?
- Supõe correctamente. Primeiro, porque ainda não acordei, o que significa que a minha actual almofada é boa como o milho. Depois, porque ninguém no seu perfeito juízo liga para casa das pessoas às nove da matina. E pior, nem a minha família mais próxima me liga a estas horas. Portanto, espero que tenha um bom seguro de vida...
E lá se foi a chamada.
Portanto, já passei por créditos bancários, trens de cozinha, cartões de crédito e aspiradores. Sim, tem toda a lógica que agora me quisessem vender travesseiros.
Uma caixinha catita que permite pesquisar as entranhas dos últimos anos de posts. Muito útil, principalmente porque nem eu já me lembro de metade do que escrevi...
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